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I. INTRODUÇÃO
A curiosidade natural do homem em desvendar
os mistérios da natureza levou-o ao estudo da terra. Em princípio, responder
algumas perguntas, como: qual é a força que causa os terremotos e maremotos;
como se formaram os planetas e as estrelas; como e quais são os processos que
assim poderiam formar as paisagens morfológicas actuais; de onde vêm as lavas
dos vulcões; como se formaram as rochas e o que causa, assim, existiram na
superfície terrestre, com várias cores; e muitas outras, sempre forma enigmas
que o homem vem tentando decifrar. O principal factor que impulsiona o homem a
melhor conhecer a Terra é o facto de ter que usar materiais extraídos do
subsolo para atender as suas necessidades básicas, como: petróleo, carvão,
materiais de construção civil, etc., (Faria, 2009., em http://www.google/ciênciadaterra.pt).
Etimologicamente
se define a para Geologia segundo a sua origem na língua grega: Geo = “a Terra”;
e Logos = “Palavra”, “Razão” ou “Estudo”.
Porém o seu significado é mais do que um estudo da
Terra. Em geral, a geologia
é uma ciência que estuda a história da terra, sua vida pretérita, sua origem,
formação, os materiais que a compõem e fenómenos naturais que ocorridos durante
as várias eras e períodos da escala geológica (modificado de artigo em: http://www.google.geologia.pt, acesso no dia 8 de Abril de 2012).
O
principal objectivo da Geologia é contribuir em diversas tecnologias e
desenvolvimento, compreender os processos de geodinâmica interna e externa,
conceitos e teorias relacionadas com fenómenos geológicos, conhecimentos
proveniente de diversas fontes para reconstrução do passado da Terra,
diferentes teorias geotectónicas sobre a evolução do planeta Terra, desenvolver
capacidades de observação e interpretação de fenómenos geológicos e de análise
crítica. Tomar consciência da importância económica dos recursos geológicos e
efectuar uma exploração racional dos mesmos estimulando o respeito pela
natureza (Nongando, 2010).
A
palavra "geologia" foi usada pela primeira vez por Jean-André
Deluc em 1778, sendo introduzida de forma definitiva por Horace-Bénédict de Saussure em 1779.
Na China, Shen Kua (1031 - 1095)
formulou uma hipótese de explicação da formação de novas terras, baseando-se na
observação de conchas fósseis de um estrato numa montanha localizada a centenas de
quilómetros do oceano. O sábio chinês defendia que a terra formava-se a partir
da erosão das montanhas e pela deposição de silte.
A obra, Peri lithon, de Teofrasto (372-287), estudante de Aristóteles permaneceu por milénios como obra de
referência na ciência. A sua interpretação dos fósseis apenas foi revogada após
a “Revolução científica”. A sua obra
foi traduzida para latim, bem
como para outras línguas europeias.
O médico Georg Agricola (1494-1555) escreveu o primeiro tratado
sobre mineração e metalurgia, “De re metallica libri XII” 1556 no qual
se podia encontrar um anexo sobre as criaturas que habitavam o interior da Terra (Buch von den Lebewesen unter Tage). A
sua obra cobria temas como a energia
eólica, hidrodinâmica, transporte
e extracção de minerais, como o alumínio e enxofre.
Nicolaus Steno (1638-1686) foi o autor de vários
princípios da geologia como o princípio
da sobreposição das camadas, o princípio
da horizontalidade original e o princípio da continuidade lateral,
três princípios definidores da Estratigrafia.
Observações de Steno tem levado geólogos a
determinar idade dos estratos, no reconhecimento de rochas deformadas e na
comparação de unidades de rochas estruturalmente complexas com sequências em
áreas que não se encontram significativamente deformadas. Os princípios são
básicos na reconstrução da Geologia Estrutural Regional e a própria Geologia
Histórica da Terra.
James Hutton é visto frequentemente como o primeiro
geólogo moderno. Em 1785 apresentou uma teoria intitulada Teoria da Terra (Theory of the Earth) à Sociedade Real de Edimburgo. Na sua
teoria, explicou que a Terra seria muito mais antiga do que tinha sido suposto
previamente, a fim de permitir "que houvesse tempo para ocorrer erosão das
montanhas de forma a que os sedimentos originassem novas rochas no fundo do
mar, que ulteriormente foram levantadas e constituíram os continentes."
Hutton publicou uma obra com dois volumes acerca desta teoria em 1795.
Em 1811, George Cuvier e Alenxandre
Brongniart publicaram a sua
teoria sobre a idade da Terra, baseada na descoberta, por Cuvier, de ossos de elefante em Paris.
Para suportar a sua teoria os autores formularam o princípio da sucessão estratigráfica.
Em 1830, Sir Charles Lyell publicou pela primeira vez a sua
famosa obra Princípios da
Geologia, publicando contínuas revisões até à sua morte em 1875. Lyell
promoveu com sucesso durante a sua vida a doutrina do uniformitarismo, que defende que os
processos geológicos são lentos e ainda ocorrem nos dias hoje. No sentido
oposto, a teoria do catastrofismo defendia que as estruturas da Terra
formavam-se em eventos catastróficos únicos, permanecendo inalteráveis após
esses acontecimentos.
Durante o século
XIX a geologia debateu-se com a questão da idade da Terra. As estimativas
variavam entre alguns milhões e os 100.000 mil milhões de anos. No século XX o
maior avanço da geologia foi o desenvolvimento da teoria da tectónica de placas nos anos 60. A teoria da deriva dos continentes foi inicialmente proposta por Alfred Wegener e Arthur
Holmes em 1912, mas não foi totalmente aceite
até a teoria da tectónica de placas ser desenvolvida.
Relação com Outras Ciências
A geologia
relaciona-se directamente com muitas outras ciências, em especial com a geografia, e astronomia. Por outro lado a geologia serve-se de ferramentas fornecidas
pela química, física e matemática, entre outras, enquanto a biologia e a antropologia servem-se da Geologia para dar suporte a muitos dos seus
estudos.
Na figura 1.1. mostra a relação entre geologia
com as outras ciências que se relacionado. Em que, com a ciência química,
estudando geoquímica; utilizando a ferramenta física na interpretação as
estruturas internas da terra e estruturas geológicas é geofísica; enquanto em
estudo da história evolução da terra, utilizando ferramenta de biologia é
paleontologia; etc.
Figura 1.1.
Diagrama de pirâmide da relação entre a geologia com as outras ciências que
relacionado com características da terra (Modificado de Magetsari, et, al,
2000).
Ramos da Ciência Geológica
Existem muitos
campos diferentes dentro da disciplina geologia, e seria difícil listá-los a
todos. De qualquer forma entre eles incluem-se (Castro, 2010).
a) Geofísica
- reconhece as propriedades físicas da Terra para estudar sua estrutura interna.
Por exemplo, estudando o campo magnético terrestre (intensidade, configuração e
variação), o fluxo de calor interno da Terra, o movimento das ondas sísmicas,
que estão associadas aos terremotos. A geofísica combina geologia com física
para solucionar problemas como encontrar reservas de gás, óleo, metais, água,
etc.
b) Geoquímica
- trata do quimismo do planeta. Actualmente, esta área pode ser dividida em
geoquímica sedimentar, geoquímica orgânica, o novo campo da geoquímica
ambiental, e muitos outros. O grande interesse da geoquímica está na origem e
evolução das principais classes de rochas e minerais. O geoquímico estuda
especificamente os elementos da natureza - por exemplo, os ciclos geoquímicos
do carbono, nitrogénio, fósforo e enxofre; distribuição e abundância de
isótopos na natureza e a exploração geoquímica, também chamada de prospecção
geoquímica, que é aplicada para a exploração mineral.
c) Petrologia
- trata da origem, estrutura, ocorrência, e da história das rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares. Os petrólogos estudam as mudanças que ocorrem nas
rochas e são capazes de fazer um detalhado mapeamento mostrando os tipos de
rochas existentes em uma área.
d) Mineralogia
- trata dos minerais encontrados na crosta terrestre, e até mesmo os
encontrados ou originados fora dela. A cristalografia estuda a forma externa e
a estrutura interna dos cristais naturais ou sintéticos. Há quem considere a
mineralogia a arte de identificar os minerais baseando-se nas suas propriedades
físicas e químicas. A mineralogia económica focaliza os processos responsáveis
pela formação dos minerais, especialmente os de uso comercial.
e) Geologia estrutural - estuda
actualmente as distorções das rochas em geral. Usualmente comparando as formas
obtidas e as classificando. Essas distorções podem ser vistas tanto
macroscopicamente quanto microscopicamente. Os geólogos estruturais são
capacitados para localizar armadilhas estruturais que podem conter petróleo.
f) Sedimentologia
- refere-se ao estudo dos depósitos sedimentares e das suas origens. Os
sedimentólogos estudam inúmeras feições apresentadas nas rochas que podem
indicar os ambientes que existiam no local no passado e assim entender os
ambientes actuais.
g) Paleontologia
- estuda a vida pré-histórica, tratando do estudo de fósseis de animais e
plantas micro e macroscópicos. Os fósseis são importantes indicadores das
condições de vida existentes no passado geológico, sendo preservados por meios
naturais na crosta terrestre.
h) Geomorfologia
- trabalha com a evolução das feições observadas na superfície da Terra,
identificando os principais agentes formadores dessas feições e caracterizando
a progressão da acção de agentes como o vento, água que afectam bastante o
relevo terrestre.
i) Geologia
Económica - envolve a aplicação de princípios geológicos para o estudo do solo,
rochas, água subterrânea para saber como devem influir no planejamento e
construção de estruturas de engenharia.
j) Hidrogeologia
- trata do gerenciamento de recursos hídricos, localização de lençóis freáticos
e a construção de poços.
l) Geocronologia
– desvenda as idades das rochas e ventos geológicos a partir da desintegração
de elementos radioactivos.
m) Geologia
Ambiental - esse é um campo relativamente novo responsável pela colecta e
análise de dados geológicos para evitar ou solucionar problemas oriundos
intervenção humana no meio ambiente. Um dos seus ramos é o da Geologia Urbana,
que trata dos impactos, geralmente caóticos, gerados sobre o meio ambiente,
quando o incontrolável crescimento das cidades agride o ambiente ocasionando
catástrofes que afectam directamente a qualidade de vida da população.
Actualmente o geólogo ambiental tem trabalhado bastante na elaboração de RIMAS
(Relatórios de Impacto Ambiental), exigidos antes da execução de grandes obras.
n) Geotecnia
– estudos geológicos com aplicações em construções civis de pequenos e grandes
portes.
o) Vulcanologia: estuda os vulcões, a lava, o
magma e outros fenómenos geológicos relacionados.
- p) Geologia Histórica: estuda as transformações pelas quais a Terra passou desde sua formação (há 4,5 milhões de anos).
q) Geologia
Planetária: também chamada de astro-geologia trata da geologia dos corpos
celestes (cometas, planetas, etc.).
Figura 1.2. Classificação das ciências geológicas (Potapova, 1968)
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